Inaugurada na década de 1920, a fábrica da Fiat em Turim ficou famosa pelo circuito de 1 km no teto, onde os carros recém fabricados eram testados
Em 1923 a Fiat inaugurava no bairro de Lingotto, em Turim, sua nova fábrica de automóveis. E ela logo ficou famosa por ter no telhado uma pista de testes. Uma mera extravagância dos italianos? Evidente que não…
O projeto da nova fábrica da Fiat foi encomendado ao arquiteto Giacomo Matte-Trucco e as obras do suntuoso edifício tiveram início em 1916. Com cinco pavimentos, foi idealizado para abrigar uma linha de montagem ascendente, ou seja, na vertical, ao contrário do padrão da maioria das montadoras da época (e ainda hoje), onde todo o processo de fabricação acontece em um único pavimento.
A fábrica de Lingotto foi estrategicamente construída próxima a uma linha de trem. Assim, toda a matéria prima para a construção do carro chegava a partir do primeiro piso. Então, cada andar era responsável por uma fase da montagem: chassi, suspensão, mecânica, carroceria, elétrica, interior, acabamentos… À medida que o veículo ia subindo pelas rampas e atingindo os andares superiores, iam ganhando novos componentes.
Ao chegar o quinto andar o carro já estava finalizado, sendo então encaminhado à pista de testes, que ficava no terraço. Estando tudo ok, o automóvel era então levado ao térreo através de rampas, de onde era encaminhado ao seu destino, também pela via férrea. Tudo muito engenhoso.
A pista
A pista de testes de Lingotto ocupava (e ainda ocupa!) toda a extensão do gigantesco prédio, com traçado de cerca de 1 km, com uma curva inclinada em cada uma das extremidades, que ganharam esse formato graças a uma então inovadora técnica, com o uso de concreto. Nas extremidades da pista, muretas de 1,5 a 2,5 metros de altura evitavam quedas. Já pensou decolar com um carro do 6º andar? Mas nunca foi relatado nenhum acidente ali. Afinal, era uma pista de testes e não de corridas.
A fábrica da Fiat de Lingotto era a maior do mundo nas primeiras décadas do Século XX. Ali foram fabricados cerca de 80 modelos, ao longo de seis décadas. Chegou a empregar 6 mil operários. A partir da década de 1970, ela passou a ser considerada obsoleta e sua produção foi aos poucos diminuindo, até que em 1982 teve suas atividades definitivamente encerradas. O último carro fabricado lá foi um Lancia Delta, em 1982.
Depois de uma completa reforma na década de 1980, atualmente o ainda impressionante edifício abriga um shopping center, um hotel, um teatro e um centro de convenções, além da Pinacoteca Agnelli, pertencente à Fiat.
Quanto à icônica pista de testes, ainda bem que ela foi inteiramente preservada, embora não seja mais possível ter o gostinho de dirigir nela. No entanto, pode-se fazer uma visita, pagando módicos 8 euros.
Então, indo a Turim, não deixe de fazer isso!
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